Por Edmardo Galli*
Disrupção significa rompimento. No caso da disrupção
tecnológica, trata-se de um rompimento de paradigmas, graças a novas tecnologias
que tomam conta da vida das pessoas, proporcionando mudanças profundas em
nossa sociedade, para sempre.
A era atual é um momento em que as novidades surgem rápido, ganham
escala rápido, barateiam rápido e dominam o mundo em um piscar de olhos. “Hoje,
vivemos em constante disrupção. Imaginamos uma ideia ‘impossível’, e
quando vemos, estamos usando em nosso dia-a-dia aquela ‘ideia impossível’.
A disrupção tecnológica segue esses passos mencionados
acima. Primeiro, a criação vive no campo das remotas possibilidades. Ao ganhar
escala e se tornar acessível financeiramente, ela toma conta em pouco tempo. E
não estamos falando em ficção científica, estamos falando de disrupções reais
que já vivemos em nosso dia a dia.
Este processo pode ser dividido em 6
partes, de acordo com Peter Diamandis, fundador da Singularity University,
universidade no Vale do Silício, financiada por Google, Cisco, 3D Systems e
diversas outras gigantes do ramo. Diamandis nos explica que a disrupção é parte
de uma cadeia de eventos ainda maior, que ele chama de “pensamento exponencial”.
Esse tipo de pensamento segue, ao invés de uma evolução linear de 1, 2, 3, 4,
5, 6; uma escala exponencial: 1, 2, 4, 8, 16, 32. Dessa maneira, o crescimento
é infinitamente maior e mais expansivo
Para isso acontecer, os 6 passos são:
1) Digitalização
Tudo o que é digitalizado, entra automaticamente no processo
de crescimento exponencial, pois assim a informação pode ser replicada
automaticamente, sem custo algum, quase infinitamente.
2) Decepção
No início do seu crescimento exponencial, a evolução é quase
imperceptível, podendo enganar facilmente quem olha de fora. Numericamente,
essa evolução seria de 0,01%, 0,02%, 0,04%, 0,08%, 0,16%. Mas quando essa fase
acaba, entramos no período da:
3) Disrupção
É nesse momento em que o mundo muda e se torna excitante! É
numa rápida virada de jogo em que tudo o que era deceptivo tem uma explosão de
crescimento.
4) Desmaterialização
O próximo passo é diminuir espaço, literalmente. Há alguns
anos atrás, por exemplo, nós precisaríamos de uma sala cheia de aparelhos
diferentes para termos o que hoje existedentro de um smartphone – telefone,
GPS, rádio, câmera de vídeo, câmera fotográfica, gravador, mp3 player, VHS
player etc.
5) Desmonetização
Serviços, produtos e até intangíveis se tornam
desmonetizados por novas tecnologias. Se a Amazon desmonetiza livrarias e
aNetflix desmonetiza locadoras e até cinemas, o Skype desmonetiza não só
companhias telefônicas, mas a própria distância.
6) Democratização
Com algo digitalizado, que não ocupa espaço e resolve
situações e complicações que antes demandariam tempo e dinheiro, o acesso
àquilo fica muito mais... democrático. Vivemos em um mundo hiper conectado,
onde qualquer informação é compartilhada instantaneamente. Hoje, qualquer
pessoa tem a possibilidade de ter uma ideia, desenvolver essa ideia com custo
mínimo (criar um aplicativo, por exemplo), e deflagrar um movimento disruptivo
no mundo em questão de meses. As possibilidades e oportunidades
nunca foram tão democráticas na história da humanidade.
Para exemplificar, Edmardo listou quatro casos de disrupções
tecnológicas que já foram um dia um sonho, mas que já tomaram conta da vida de
todo mundo:
1) Smartphone
Quando a internet surgiu 20 anos atrás, alguns já imaginavam
que um dia, ela seria super-rápida e estaria na palma de nossas mãos - ao toque
de um dedo. Os disruptores nos deram o smartphone que, junto com a internet
móvel, mudaram a vida de pessoas ao redor de todo o mundo. Mudou a velocidade
com que problemas são solucionados no dia a dia; mudou a configuração do
trabalho como um todo (não é mais necessário estar presente no escritório o
tempo todo); mudou a forma como as pessoas
se
relacionam; mudou a velocidade do acesso à informação; mudou a forma como a
imprensa informa seus leitores; mudou a propaganda; mudou as necessidades
prioritárias das famílias.
2) Instagram
Enquanto a Kodak declarava falência, o (recém-criado)
Instagram era vendido por bilhões de dólares. A digitalização das imagens, a
possibilidade de elas estarem na palma de nossas mãos e com um clique serem
compartilhadas, tornou o Instagram uma ferramenta altamente disruptiva. O
Instagram transformou o comportamento dos usuários de smartphones, tornando
todos fotógrafos apaixonados por registrarem cada momento de suas vidas.
3) Impressora 3D
Estilistas já fazem coleções inteiras de roupas e acessórios
com a impressora 3D. Grandes soluções como a possibilidade de gestantes cegas
“sentirem” seus fetos durante ultrassons também aconteceram graças a essa
maravilhosa ferramenta. Em breve, ela será ainda mais acessível e responsável
por substituir tudo o que pudermos imaginar.
4) Programático
A internet conhece todas as pessoas muito bem. Ela sabe do
que eu gosto, do que você gosta, o que eu comprei ontem para onde fui viajar –
e sabe se fui sozinho ou com a minha família. Para ela, não há segredo. E o
programático surgiu como ferramenta de organização desses milhares de
informações em prol de marcas e anunciantes, que querem encontrar e impactar
seus clientes de forma inteligente e muito bem “pensada”. O programático é o
novo estágio da propaganda, o futuro da conexão entre consumidores e marcas.
Mudando a forma como se faz publicidade, mudando a forma de criar conteúdo.
*Diretor geral da IgnitionOne, empresa de tecnologia
programática.