Por Jana de Paula | ||
A dita
proatividade está em tudo. Em gestão de pessoas, modelos de arquitetura,
gerenciamento de redes.... Há software e hardware proativos e suporte de
tecnologia de informação. O conceito está na computação ubíqua, na gestão das relações com clientes e é adotada como terapêutica ocupacional.
Existe, até mesmo, a chamada reprodução proativa em vacas. Desde quando, nos
anos 90, o termo aterrissou nas mais diversas áreas do conhecimento, recebe
um sem número de definições e de maneiras de ser aplicado.
Ficamos com
a aplicação do conceito no ambiente corporativo. A primeira ideia que nos vêm
à cabeça é a de que ser proativo implica agir sobre determinada questão antes
de ser solicitado e, principalmente, assumindo os riscos inerentes à ação.
Talvez seja sobre este princípio que muitos escândalos contábeis se
proliferaram no final dos anos 90 e início dos 2000.
Na verdade,
hoje já se fala na proatividade de ruptura (disruptive proactivity) que é,
justamente, a capacidade do indivíduo de se defender contra falsos conceitos
sociais, políticos e econômicos, sejam estes aplicados por governos, lideranças
empresariais ou financeiras. Este novo tipo de proatividade é inerente a todo
e qualquer modelo de inovação eficaz e tem sido muito recomendado pelos
analistas que sugerem linhas de ação para os modelos de negócio da Índia, um
dos países onde a inovação mais tem apresentado resultados. É claro que está
em posição diametralmente oposta à espécie de proatividade autoindulgente
descrita no parágrafo anterior.
Stephen
Covey, um dos primeiros a 'ser proativo' e que compilou as atitudes de
pessoas fortemente eficazes ("7 Habits of Highly Effective People"), definiu
o conceito, mais do que uma iniciativa, como concentrado na "capacidade
de resposta", ou seja, na liberdade de escolha. Veja, abaixo, o
modelo que ele criou, onde entre o simples estímulo e a esperada resposta há
o processo de escolha.
Parece a inserção
de mera palavrinha no gráfico entre estímulo e resposta. Mas, é uma
palavra mágica: escolha. Nestes tempos de crescimento vertiginoso da consciência
individual e planetária, o tipo de resposta que o indivíduo escolhe dar ao
estímulo que recebe é o que faz toda a diferença. É a atitude que permitirá à
sociedade como um todo e a cada um de seus membros se livrar do processo
hipnótico que se instaurou na estrutura institucional do planeta. É o que
transforma o indivíduo de sujeito (a algum conceito) a protagonista de suas
escolhas.
Assim, a ideia
evolui para a proatividade de ruptura, resultado do esforço próprio,
pessoal. "Muda-se o status quo, partindo-se da intermediação (inserção,
intervenção) da inovação ou de outras atividades positivas e produtivas.
Quando o esforço é bem-sucedido, isto nos traz a realidade de mudar o
jogo", define Sam Smith, autor de vários projetos inovadores para o
governo do Reino Unido e um dos 'seguidores de primeira hora' da disruptive
proactivity.
Tecnologia de ruptura quântica
Hoje, não
basta reconhecer o óbvio - que a concorrência está mais dura do que nunca. É
preciso olhar em volta, testar as soluções dos concorrentes ou interpretá-las
em outros segmentos de negócios. E mais. É preciso estar consciente que, além
da fronteira tradicional da organização, além da própria política de
governança das empresas, há grupos independentes a questionar a eficácia e a
ética do que é adotado, como meio de proteger a sociedade de decisões
unilaterais.
Este é o
estágio onde algumas companhias começam a buscar uma grande ideia quântica
que possa lhe trazer as desejadas vantagens de mercado e financeiras. É
quando se testa uma maneira radical de fazer as coisas, o que Clayton
Christensen chama de "tecnologia de ruptura quântica", ou a mudança
que força o realinhamento de prioridades e hierarquias.
O consultor
indiano Porus P. Munshi, entre outras ideias, sugere que não se pode
'costurar' uma nova ideia sobre a situação atual, sobretudo quanto esta vem
acompanhada de suposições como "isto não pode ser feito",
"isto é loucura, vão dizer que não compreendo a situação de
mercado". É somente quando a inovação radical supera este estágio que as
coisas começam a acontecer.
Francis
Bacon, o filósofo que adotava a proatividade de ruptura já no século XVII,
considerava um alívio descobrir que a busca para obtenção de determinado
sucesso estava sendo feita a partir de princípios falsos, pois isso
significava que o sucesso em si poderia ser obtido, se buscado com os meios
corretos.
Mais
do que ocultar-se em termos ou definições, a proatividade parece se
apresentar como a capacidade de realizar sucessos que beneficiem a todo um
grupo, mesmo que este grupo ainda não reconheça esta necessidade. O que
distancia a palavra de uma simples característica pessoal e tão repetida
e subutilizada em currículos.
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terça-feira, 8 de dezembro de 2015
Proatividade ou tecnologia de ruptura quântica
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