quinta-feira, 19 de junho de 2014

Tratamento sem dor reverte a decadência dos dentes e pode substituir os motores


Por Lisa Winter*

A fobia dental é incrivelmente comum, em parte devido à perfuração e dor associadas ao tratamento dos dentes. No entanto, nova pesquisa liderada por Nigel Pitts, do Kings College London Dental Innovation and Translation Centre utiliza impulsos elétricos para estimular os dentes a se regenerar. Os pesquisadores acreditam que esta técnica pode estar disponível para uso clínico em três anos.

Antes de as cavidades físicas aparecerem, a cárie dentária se faz por etapas. Enquanto minerais realizam naturalmente seu ciclo para dentro e para fora dos dentes, os déficits podem comprometer a integridade do esmalte, o que leva a possíveis cáries e a posterior  deterioração. Tradicionalmente, os dentistas perfuram a área deteriorada, removem o material insalubre e fazem o preenchimento com uma resina composta ou amálgama que protegem o dente. Restaurações de amálgama de prata normalmente duram mais tempo do que as de resina, embora a resina se pareça mais com o dente natural, obrigando o paciente a tomar uma decisão estética.

Pitts e sua equipe desenvolveram uma nova técnica que eles batizaram de Electrically Accelerated and Enhanced Remineralization (EAER, ou 'Remineralização' Acelerada e Aprimorada Eletricamente). Como o nome indica, uma pequena corrente elétrica permite que o cálcio e fosfato 'remineralizem' o dente, protegendo-o contra as cáries. Esta técnica tem sido muito procurada por dentistas, pois permite que o corpo se recupere sem exercícios, ansiedade ou dor. A equipe está buscando investidores privados para ajudar a trazer este dispositivo para o mercado nos próximos três anos.

"A maneira como tratamos os dentes hoje não é a ideal - quando se repara um dente, coloca-se um enchimento, o dente entra num ciclo de perfuração e 're-enchimento' o que, em última análise, faz de cada 'reparo' uma falha", disse Pitts em comunicado de imprensa. "Nosso dispositivo não apenas é mais gentil com o paciente e melhor para seus dentes, mas tem custo-benefício pelo menos igual aos tratamentos dentários atuais. Junto ao combate à cárie dentária, nosso dispositivo também pode ser usado para branquear os dentes".

No mês passado, uma equipe do Instituto Wyss, de Harvard, anunciou um tratamento a laser que estimula as células-tronco a se diferenciar na dentina, a camada do dente abaixo do esmalte, ao longo de cerca de 12 semanas. Embora esta técnica ainda esteja em seus estágios iniciais, a reparação do esmalte perdido é fundamental para garantir à dentina um novo crescimento permanente e saudável. As células que criam o esmalte morrem logo após o dente se formar, embora possa se desgastar ou danificada, devido a uma lesão, colocando o dente em risco de decadência.

Estima-se que mais de 2,3 bilhões de pessoas enfrentam algum nível de cárie dentária a cada ano. Acredita-se que as dietas modernas acelerem a cárie dentária, como alimentos e bebidas ácidas, frutas cítricas e refrigerantes que desgastam o esmalte. O aumento da quantidade de carboidratos e açúcares refinados também foram identificados como culpados em influenciar microbiota da boca, deixando as pessoas mais propensas a desenvolver a cárie.


Publicado originalmente em IFLScience


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